sábado, 23 de novembro de 2013

wet roads



Dizia-lhe: não sei quando será altura de ser feliz. provavelmente vai demorar.

Eu não sou de dramas. Eu sou feliz. Tenho bons amigos. Um trabalho. Dinheiro que paga as contas e ainda chega para em alguns meses mimar-me. Cuido de mim. Esta parte é algo recente. mas veio para ficar.

Para sim ser feliz é ter o pacote todo. é olhares para cada área da tua vida e perceberes que tens equilibrio, segurança e que estás preenchida. sem espaços em branco. 

É isso. Há coisa de um ano e pouco percebi que não queria espaços brancos. Percebi também que não queria aceitar qualquer coisa só para preencher rapidamente alguma lacuna. Com base nessa transparência de ideias para comigo, decidi ficar sozinha. Não me interessei por ninguém. cada vez é mais dificil sentir-me puxada pelas pessoas. mais dificil é acreditar nas suas intenções. dizia antes que precisava de algo extraordinário. do alto da minha descrença sabia que só alguém assim faria a diferença.

e fez. o retorno de alguém do passado. como que prenda de natal que chega mais cedo e nem queres acreditar que tiveste a sorte de a desembrulhar.

lembro-me de quando tudo começou comentar com uma das minhas grandes amigas: e se for desta? não posso ter medo. preciso de ir. tenho de acreditar. como não acreditar? é tudo tão perfeito e ela faz-me tão feliz. o medo não pode fazer parte disto.

Joguei-me. sempre que o passado vinha ao de cima como que em modo de consciência, atirava-o para longe. porque não acreditar? se o que vivia era tão palpável. tão intenso e verdadeiro.

não. existem mesmo sentimentos que são como comida fast food. quer-se rápida, saborosa e viciante. e depois a culpa.

apaixonei-me tanto que não tomei precauções. que não usei o travão aos poucos. para que o acidente não tivesse resultados tão nefastos.

alguém que se ilude a si própria, acaba por iludir o outro.

criam-se histórias de fantasias. sonhos preciosos. realidades distantes. 

passado pouco tempo, o tombo.

depois a persistência. da minha parte. tenho um péssimo defeito. acho quase sempre que as pessoas que se envolvem comigo e que depois decidem partir, vão despertar e perceber que afinal querem é estar comigo. e persisto e insisto nesta ideia. repito de todas as vezes: eu sou a puta da lotaria.

Não sou. 

se analisar todas as minhas relações ou casos, chego a uma conclusão. todas gostaram muito rapidamente. todas me chamaram de especial. todas quiseram mundos e fundos. cedo concluíram que não. que afinal não é bem isto. que afinal o que se sente não é suficiente para quererem lutar. ficar comigo. construir um história com principio, meio e eventualmente um fim longínquo. 

dito isto, começo a assumir que o problema é meu. (não, não sei se acredito mesmo nisto)

ser a última a gostar. ser aquela que não quer ir embora. não ajuda.

entender que estive um ano a ficar em paz comigo e voltar ao mesmo sitio de onde comecei. 

tenho dificuldades em confiar.

quando me pedem para confiar e depois me falham. 

queria ser de aço. queria ter a força de outros tempos.

queria reconhecer-me e não consigo.

mas estou aqui. não me perdi de mim. 

o tempo agora é de me recuperar. de esquecer. de me perdoar por não ter antecipado. era tão fácil adivinhar. 

voltar a ficar em paz. 

foca-te.

2 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderEliminar
  2. Podia ser para outra qualquer, mas é para ti!
    Não foi o olhar e também não foram as mãos, nem a boca! Foste tu! Inteira! E esse jeito de ser!
    Ninguém deve sarar um amor com outro amor, mas é provável que o meu já se tenha ido embora quando a altura de ser feliz chegar para ti!
    Por agora, a vontade de acordar ao teu lado!*

    ResponderEliminar